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Videoinstalação Questiona Papel da Curadoria

 

Em ação conjunta, os artistas visuais mineiro Pablo Lobato e o cearense Yuri Firmeza apresentarão a videoinstalação intitulada “O que exatamente vocês fazem, quando fazem ou esperam fazer curadoria?”, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza, a partir da próxima quinta, 7 de outubro, às 18 horas.

Com entrada franca, a videoinstalação ficará disponível à visitação pública até 7 de novembro (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; aos domingos, de 10h às 18h).

O projeto da dupla consiste na produção de uma videoinstalação, criada a partir de conversas com inúmeros curadores que vivem e trabalham em distintas regiões do Brasil. Os dois artistas viajaram pelo país, gravando em vídeo as falas dos curadores convidados a partir da pergunta que intitula o projeto.

Para além de uma aparente ironia que se insinua na inversão dos papéis artista/curador, o projeto O que exatamente vocês fazem, quando fazem ou esperam fazer curadoria?  promove uma aproximação de práticas e pensamentos no sentido de revelar sensibilidades, alimentar a criação de novas experiências e problematizar estagnações de um campo de poder cada vez mais atuante no sistema da arte – a curadoria.

Após a filmagem, foi feita a edição e a programação da videoinstalação – montagem formada por oito monitores de vídeo e organizada em círculo evocando uma mesa-redonda. A cada momento a imagem e/ou a fala de um curador é disparada em um dos monitores.

A alternância destes disparos sugere a dinâmica de uma conversa. Por exemplo, o curador X, em um dos televisores, apresenta sua fala enquanto todos os outros monitores exibem imagens dos demais curadores em silêncio, oferecendo o tempo da escuta. Encerrada a colocação do curador X, por meio da edição e programação da videoinstalação, o curador Y prossegue com a palavra, corroborando com a discussão e assim sucessivamente.

O ritmo desta conversa criada também alcançará a devida autonomia de um corpo que ultrapassa a idéia de uma coleção de pontos de vista. “O material irá constituir um corpo audiovisual, nos aproximando dele através dos dispositivos escolhidos: as falas, provocadas por uma mesma questão e destinadas à composição de um espaço específico: o círculo de monitores instalados. A edição dos vídeos e a composição das falas dentro do círculo são os recursos fundamentais para a criação de tal ambiente”, destaca Yuri Firmeza.  

Curadoria: campo de poder no sistema de arte

Ao longo dos últimos dez anos a função do curador vem-se configurando como espaço extremamente valorizado no campo das artes. Esta valorização implica um complexo e delicado arranjo de novas relações que nos forçam a pensar. Diante da atualidade desta questão, passamos à palavra aos próprios curadores: O que exatamente vocês fazem, quando fazem ou esperam fazer curadoria?

O poder exercido pelo curador hoje, além de mediar a aproximação entre diferentes produções artísticas, agenciando forças e sentidos possíveis de determinadas obras, opera também na formação de acervos institucionais e na produção de um pensamento crítico, afetando assim as diversas instâncias de legitimação da arte. “Acreditamos pois, ser de extrema relevância pensar de forma mais compartilhada ‘O que pode a curadoria?’”, enfatiza Yuri Firmeza.

A presente videoinstalação desenvolve-se a partir da ação conjunta de dois artistas que vivem e trabalham em diferentes estados do Brasil – Pablo Lobato, em Minas Gerais, e Yuri Firmeza, no Ceará. Ambos são jovens artistas que tiveram a oportunidade de iniciar essa pesquisa conjunta no biênio 2007/2008, durante o 29º Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte – Bolsa Pampulha, quando Yuri deixou Fortaleza para viver em Belo Horizonte.

Nesse período, os artistas escreveram juntos o texto Bordas para misturar, publicado no caderno Pensar do Jornal Estado de Minas, expressando o interesse pela investigação de certos campos de poder do sistema da arte.