RENASCER consagra BBB potente, vigoroso e emocionante do horário nobre

Aurora Miranda Leão*

TV GLOBO oferta em sua programação diária, acessível a quem quiser, a riqueza da dramaturgia BENEDITO Ruy BARBOSA e BRUNO Luperi: ficção de alto quilate com clã BBB = Benedito Bruno Barbosa

José Inocêncio, vivido na primeira fase por Humberto Carrão, inova o coronelismo arraigado do sertão. Confira nossos comentários no Instagram @auroradecinema

   A novela “Renascer” é o grande buchicho das redes sociais desde sua estreia, em 22 de janeiro passado. Texto original do escritor Benedito Ruy Barbosa, produzido e exibido pela primeira vez em 1993, a novela retorna à grade da programação televisiva em nova versão, desta vez contando com o auxílio luxuoso de Bruno Luperi, neto do escritor.

       Preferimos não usar “remake” (termo que causaria repulsa no mestre Suassuna), como insiste a imprensa corriqueira, cujo objetivo é divulgar notas o tempo todo para alimentar páginas e garantir acessos, ao invés de pensar duas vezes antes de sair postando para medir quantidade, como se informar fosse uma “corrida de São Silvestre”… Defendemos “Renascer” como releitura ou reatualização da narrativa original.

           A personagem Cândida (Maria Fernando Cândido), participação especial e simbólica no capítulo inaugural (Foto: Estevam Avellar).

   Uma obra tem tanto mais artisticidade quanto maior for o número de releituras capaz de provocar. Estão aí Shakespeare, Tchécov, Henrik Ibsen, Euclides da Cunha, Machado de Assis, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa a nos confirmar com galhardia. Sem falar na seara musical, na qual as releituras são constantes e somam arranjos preciosos. Portanto, se há concepção nova, acréscimos, alterações, reflexões outras a partir da obra primeva, existe releitura, a dizer algo inovador, prospectando atualização, trazendo ressignificação, um repensar sobre o antigo (e não sobre o velho), em nova interpretação sobre a obra original, logo, a raiz é forte, fecunda e não vai cessar de dar frutos.

Os olhos de Santinha (Duda Santos) brilham de alegria diante da roda de Boi: cultura popular na essência do arcabouço narrativo de “Renascer”. (Fonte: TV Globo).

          Destarte, “Renascer” é dramaturgia sintonizada com o hoje, como o foi a versão original, ganhando agora a sensibilidade/talento/inteligência do jovem Bruno Luperi, acrescendo reflexões, importantes, preciosas, provocando empatia e repercutindo a trama com muito mais eloquência, não só por questões técnicas (a qualidade das câmaras, com modelos mais leves e cada vez mais sensíveis; dos microfones e da captação de som, o aporte dos drones e diversos outros itens) mas, sobretudo, porque estes mais de 70 anos de existência da telenovela fizeram deste produto artístico um nicho de excelência no qual o Brasil é Mestre, aplaudido internacionalmente, e a coleção de prêmios conquistados pela TV Globo confirma essa indiscutível maestria.

Venâncio (Fábio Lago), Firmino (Enrique Diaz) e coronel Belarmino, o abominável trio do mal: interpretações soberbas de intérpretes magistrais !

 Belize Pombal é Quitéria, a oprimida mãe de Santinha: atuação notável, digna de todos os Aplausos ! (Fonte: TV Globo).

   Assim, a novela “Renascer” em cartaz de segunda a sábado na emissora líder – e em qualquer horário para quem assina Globoplay -, é obra de excelência pela qualidade de seu discurso visual, maquiagem e figurino condizente, encenação e fotografia prodigiosas, direção arrojada, e elenco engrandecendo o texto impactante de Barbosa-Luperi, aspectos a favorecer RENASCER como a novela a dominar este nascente 2024. Mais um título para somar à suculenta coleção de teledramaturgia nacional da Rede Globo.

A bonita relação de cumplicidade entre Jupirá (Evaldo Macarrão), José Inocêncio (Humberto Carrão) e Deocleciano (Adanilo).

José Inocêncio (Carrão), o “coronelzin”, e Belarmino (Calloni), o coronel, símbolo do poder patriarcal na Ilhéus de “Renascer” (20024). 

  Os protagonistas são Humberto Carrão, Antônio Calloni, Juliana Paes, Enrique Diaz, Fábio Lago, Belize Pombal, Duda Santos, Edvana Carvalho, Matheus Nachtergaele, Adanilo e Evaldo Macarrão (intérpretes de Deocleciano e Jupará, maravilhosos), e a primeira fase ganhou mais 13 capítulos (a de 1993 teve apenas 4). Marcada para começar em 5 de fevereiro, a segunda fase terá Marcos Palmeira, Vladimir Brichta, Sophie Charlotte, Irandhir Santos, Theresa Fonseca, Camila Morgado, Juan Paiva, Marcelo Mello Jr., Giullia Buscacio, Rodrigo Simas, Xamã, Almir Sater, Jackson Antunes e Ana Cecília Costa, entre outros. Voltaremos a falar sobre a novela. Obra para ver e rever.

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