Adriana Esteves é Carminha e Débora Falabella é Rita: contracena de gigantes !
Avenida Brasil está desde outubro preenchendo a tarde nobre da TV Globo. A exibição do megasucesso, que desbancou Escrava Isaura em número de vendas para diversos países, está na reta final: termina no dia em que maio adentra o calendário, portanto, no Dia do Trabalho.
Por conta disso, decidi postar artigo escrito quando do final da exibição da novela, em 2012, numa homenagem a esta atriz formidável, que considero a maior do Brasil – não esquecendo que Fernanda Montenegro pertence à notória categoria Hors-Concours -, a protagonista Adriana Esteves.
O que mais surpreendeu em AVENIDA BRASIL não foi o mega ibope do último capítulo nem a forma como o autor se inspirou em autores famosos, nem a trilha, nem o encantamento com o subúrbio traduzido no Divino.
Tudo isso já houve antes, e continuará acontecendo. Há um farto arsenal de motivos pelos quais a novela de João Emanuel Carneiro virou um ícone nacional.
Mas o que mais nos chama a atenção – depois de ler, reler e encontrar, nos mais diferentes espaços informativos, comentários sobre a novela, é uma sensação de “Queremos Carminha !”, ainda no ar.
A atriz acredita que, mesmo com as maldades, Carminha conquistou o público por ser corajosa e divertida: “Ela enxergava a vida com inteligência e humor”, disse em entrevista de divulgação da Globo sobre a reprise. Para ela, a maior maldade de Carminha era maltratar e debochar da própria filha, Ágata (Ana Karolina).
Adriana Esteves revela ainda que fazer a vilã foi sua maior entrega como atriz: “Quando terminou a novela, foi a primeira vez que eu senti uma dificuldade muito grande de abandonar a personagem […] Eu estava no 220 volts, e precisava voltar para o 110 para continuar a viver ou até para fazer outros trabalhos, porque como é que eu ia conseguir fazer outra coisa naquela vibração ?”
O que esta magnânima ATRIZ Adriana Esteves conseguiu, através da bem construída personagem criada por João Emanuel Carneiro, é algo ainda a ser estudado por especialistas da área, e quem sabe mereça muito mais a análise de quem atua na seara da psicologia.
Adriana Esteves alcançou através de Carminha muito mais do que o apoio popular e a adesão total de todo o público de Avenida Brasil. O que Adriana e sua irretocável CARMINHA conseguiram foi mexer no imaginário coletivo e fustigar a emoção de quantos puderam ver – e vibrar – com a estupenda interpretação desta Atriz para uma personagem capaz das maiores vilanias e atrocidades. Intérprete e personagem entrelaçaram-se no gosto popular criando um emaranhado de emoções e cumplicidade que responde por grande parte do êxito da trama de João Emanuel Carneiro.
Esta sensação é o que vai por baixo das afirmações, e corre no íntimo de quantos agora comentam o final da novela – todos viram a mobilização nacional gerada pela exibição do último capítulo da trama, praticamente parando São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre -, é o que aflora quando se afirmam coisas do tipo “Carminha podia ter reagido”, ou “Pensei que Carminha estava mentindo”, ou ainda “Achei que Carminha ia dar a volta por cima”, ou, mais agudo ainda, “Queria que Carminha tivesse terminado rica, numa mansão na zona sul”, ou “Queria Carminha milionária enganando um novo Tufão”…
Isso tudo é a tradução mais latente e verdadeira de que o envolvimento com a Carminha de ADRIANA ESTEVES tomou tal proporção que o público desejava não só não ver a vilã ficar pobre e sem glamour, como gostaria de ver novamente a atriz – que ele aprendeu a amar e ver bela, mesmo com todas as maldades de Carminha – esbanjando charme e eloquência de vencedora.
Criatura e Criador: Adriana Esteves e o autor João Emanuel Carneiro…
Foi isso que fez nascer Laureta, a personagem seguinte de João Emanuel Carneiro para a atriz em sua trama posterior para o horário nobre. Detalhe de extrema relevância na bela parceria dos dois. Mas isso será tema de artigo em fase de elaboração.
Este público queria rever/reencontrar sua Carminha-Adriana de novo linda, loura, derramada em elegância, destratando os pobres, enganando o marido, tripudiando com as funcionárias, fazendo exigências homéricas, zombando dos suburbanos e dizendo – sem papas na língua e com a maior desfaçatez – as insanidades que dizia. Porque a Carminha vencedora, bonita e altiva era também o alter ego da enorme classe C, ou de quantos se sentiram/sentem inferiorizados tantas vezes, e que, naqueles momentos de altivez sórdida da vilã, se sentiam vingados ou de alma lavada através dos ótimos diálogos da trama. E aqui entra, intenso e avassalador, o potencial artístico de ADRIANA ESTEVES, a quem a imensa maioria da plateia queria ver novamente brilhando e tendo as rédeas da história nas mãos. SENSACIONALLLLLLLL !
E isso só é possível de ser alcançado, em se tratando de personagem antagonista, quando se tem uma intérprete do quilate de Adriana Esteves, cuja maestria, competência e natural vocação fazem dela uma atriz do mais alto refinamento interpretativo.
Adriana Esteves foi de tal modo encantadora que, através de Carminha, alcançou instâncias que significam muito mais do que receber o apoio absoluto da audiência, a vibração da plateia, a emoção do telespectador, o entusiasmo dos colegas, a vibração da crítica, o encantamento do autor, ou o misto de adesão x revolta que se viu durante todo o desenrolar da telenovela. Tão arrebatadora foi a atuação de Adriana que “puxou” todo um corolário de êxitos para a novela: Avenida Brasil foi a primeira novela brasileira que bateu o recorde alcançado pela lendária “Escrava Isaura” (1976), de Gilberto Braga, até então a telenovela brasileira mais exportada.
A capacidade impressionante e invejável de ADRIANA ESTEVES de criar expressões faciais diversas para ‘Carminha’, numa mesma cena – passando, em questão de segundos, de um semblante triste para a agressividade, de um sereno para um irônico, de um alegre para um raivoso, de um amoroso para um sarcástico – ecoou fundo na emoção do telespectador e criou uma empatia só explicável pelas leis do sentimento. Sua inserção na cena artística brasileira se dá como uma Atriz completa, disposta e capaz de se jogar em qualquer personagem com a mesma extrema e singular capacidade com a qual ela transformou Carminha na melhor personagem do ano e, quiçá, na vilã mais adorada de todas as novelas.
O primeiro prêmio por Carminha foi o do Jornal Extra. Depois vieram outros 7…
Carminha deu a Adriana todos os prêmios como Atriz do ano de 2012, num total de 8 estatuetas.
Atriz ganha prêmio da ABI pela personagem Inês, da novela “Babilônia”, de Gilberto Braga…
Um DEZ gigante e emocionado para Adriana Esteves !